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COMO SURGIU O TERMO BRUXA?



Historia&Cultura

 

COMO SURGIU O TERMO BRUXA?

Esqueceram de avisar que a Idade Média

ACABOU!!!

 


“A mais antiga forma de conhecimento do mundo é o conhecimento revelado ou

teológico. Este possui sua expressão nos mitos, em que o homem buscava explicações

transcendentais para aquilo que não compreendia, ou para explicar a sua realidade. O mito

é sempre vestido da sociedade que o produziu, devido a isso de tempos em tempos morrem

ou transformam-se refletindo as transformações sociais vividas.

Assim como os mitos, a religião também busca suas explicações no transcendental,

refletindo as transformações sociais, interferindo também diretamente nestas, uma vez que

as transformações ocasionadas no campo religioso fazem com que o fiel modifique suas

relações para se adequar às novas exigências religiosas (Silva, 2001).

A representação da mulher na religião, vamos inicialmente ao encontro

das sociedades de cultura de coleta e caça, nas quais segundo Muraro (1993) as mulheres tinham um papel central, vistas como sagradas devido sua capacidade de poder gerar vida e ajudar na fertilidade da terra e dos animais. O homem, por sua vez, não conhecia sua contribuição na procriação, imaginando que as mulheres engravidavam dos deuses. Muraro (1993) afirma ainda que estes se sentiam marginalizados e tinham inveja do útero feminino1.1

 A inveja que os homens sentiam do útero gerou dois ritos: o couvade e a iniciação masculina.

Nestas sociedades a força física não era uma necessidade, possuindo a mulher um lugar central. Somente nas sociedades em que a coleta e a caça de pequenos animais se tornou escassa instaurou-se a supremacia masculina, visto que antes masculino e feminino governavam o mundo harmoniosamente.

Nesta perspectiva, há uma passagem da cultura matricêntrica para uma cultura patriarcal, sendo que a partir do III a.C dificilmente se registraram mitos em que a divindade fosse feminina.

O cristianismo e judaísmo se desenvolveram dando prioridade ao masculino.

Desde a mitologia grega a mulher já é representada com uma identidade negativa, como pode-se observar no mito de Pandora, a primeira mulher,utilizada como instrumento da vingança de Zeus, sendo a portadora de uma caixa onde se concentravam todos os

males que assolam a humanidade. Pandora, que havia sido dada a Epimeteu, abre a caixa levada pela curiosidade feminina, e da caixa saíram desgraças e calamidades para os homens que viviam tranqüilos e felizes até então.

Platão considera que a mulher seria a reencarnação de um homem que em sua vida

tivera sido inconseqüente, tendo como castigo volta à vida como uma mulher. 

Aristóteles, por outro lado, afirmava que as mulheres assim como os escravos deveriam viver pra servir.

Afrodite, uma das deusas gregas mais conhecidas, tem sua identidade ligada àsexualidade, encarnando o poder da natureza sobre a razão. Esta era responsável pela fertilidade da terra, contudo mesmo sendo de fundamental importância também era vista como perturbadora, uma vez que provocava o desejo nos homens levando-os a perca da razão.

A mulher passou a ser aliada do pecado.

A mulher, a qual era vista como sagrada por sua capacidade fértil, passa a ser, pela mesma característica, causadora de todos os males a humanidade, sendo agora definida por sua sexualidade que deveria ser “normatizada”.” Trechos do artigo: A MULHER E O SAGRADO: UM RESGATE DA REPRESENTAÇÃO DA MULHER NA RELIGIÃO, Allyne Chaveiro Farinha, UEG

 

A feitiçaria já era citada desde os primeiros séculos de nossa era. Autores como o filósofo grego Lúcio Apuleio (123-170) fazia alusão a uma criatura que se apresentava em forma de coruja (Hécate) que na verdade era uma forma descendente de certas “mulheres que voavam” de madrugada, ávidas de carne e sangue humanos.

“AS BRUXAS” Eram pessoas acusadas de fazer feitiços e usar poderes sobrenaturais, supostamente obtidos em rituais satânicos e pactos com demônios, segundo a Igreja Católica da era Medieval.

Ao contrário do que muita gente imagina, a maior parte dos casos de perseguições contra bruxas, queimadas em fogueiras coletivas, não aconteceu na Idade Média, mas no início do período moderno, do final do século 14 ao começo do século 18. 

Existe muito exagero sobre o assunto, que só começou a ser pesquisado na década de 1970. “Idéias falsas sobre as bruxas persistem até hoje. Jamais existiu qualquer culto de bruxas, envolvendo deusas, demônios ou deuses ancestrais, e as pessoas suspeitas de serem bruxas nunca tiveram conexão com religiões pagãs antigas”, afirma o historiador Jeffrey Burton Russell, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

“As mulheres atraíam muita desconfiança da Igreja. Quando elas se mostravam habilidosas para lidar com a vida, seja preparando medicamentos ou atuando como parteiras, os bispos iam à loucura”, afirma o historiador britânico Malcolm Gaskill, professor da Universidade de East Anglia. “Depois de várias semanas de tortura, as mulheres confessavam práticas indescritíveis, como beijar ânus de gatos, beber sangue humano ou sacrificar crianças recém-nascidas.” Assim, por meio dessas confissões, o mito ganhava credibilidade, levando a mais perseguição e mais histórias de satanismo extraídas na marra, num círculo vicioso.

 Muitas dessas histórias foram alimentadas por escritores românticos do século 19, que criaram mitologias sobre essas figuras – a mulher que entra pelo telhado para chupar o sangue de crianças, bebe e gargalha voando de vassoura… Mas, então, quem eram as pessoas que iam parar na fogueira? Geralmente, eram os chamados hereges, gente que não seguia o catolicismo pregado pela Igreja. Em povoados mais supersticiosos, a coisa era mais complicada: na França do século 15, há registros de epidemias que geraram uma espécie de histeria coletiva – o povo culpava as bruxas pelas doenças. Aí, bastava a mulher ser esquisitona para ser considerada bruxa, perseguida e levada à fogueira. Um caso de preconceito explícito – e numeroso. Calcula-se que entre 40 mil e 50 mil pessoas foram executadas acusadas de bruxaria.

Na cidade de Salem, nos EUA, 150 pessoas são presas sob acusação de bruxaria, depois que algumas meninas alegaram ter sido enfeitiçadas. Um tribunal especial é estabelecido para julgar o caso. Dezenove pessoas são condenadas à morte e enforcadas.

 

No mundo desenvolvido, a perseguição sofreu uma redução brusca no século 18. A última execução aconteceu na Suíça, em 1782. Mas, em outros lugares, ainda se caçam bruxas. Só na última década, quatro pessoas, dois homens e duas mulheres, foram julgados, condenados e executados por bruxaria pelo governo da Arábia Saudita. Em São Paulo, na cidade de Guarujá, em maio de 2014, uma mulher foi caçada na rua e linchada até a morte. Em Gana, o governo local teve de criar seis campos para refugiar mulheres acusadas de bruxaria, que, se voltassem para casa, acabariam mortas pelos próprios vizinhos. 

Parece que se esqueceram de avisar que a Idade Média acabou. 

Muita gente continua a fazer valer a célebre frase de Sancho Pança: “Não acredito nas bruxas, mas, que elas existem, existem”.



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