VLADIMIR HERZOG
Vladimir Herzog, nascido Vlado Herzog, foi um jornalista, professor e dramaturgo brasileiro. Herzog nasceu na cidade de Osijek, na então Iugoslávia, em 1937, filho de um casal de origem judaica.
Nascimento: 27 de junho de 1937, Osijek, Croácia
Assassinato: 25 de outubro de 1975, São Paulo, São Paulo
Cônjuge: Clarice Herzog (a 1975)
Morte: 25 de outubro de 1975 (38 anos); São Paulo, SP
Filhos: Ivo Herzog, André Herzog
Pais: Zora Herzog, Zigmund Herzog
Filmes: Vlado - 30 Anos Depois, de Marimbás
A Comissão Nacional da Verdade ( CNV) foi instituída em 2012 com o objetivo de apurar violações de Direitos Humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988
De acordo com o balanço do primeiro ano, foram realizadas 15 audiências públicas em nove unidades da federação, colheu 268 depoimentos (de vítimas, testemunhas e agentes da repressão da ditadura civil-militar de 64-85), sendo 207 de vítimas e testemunhas de graves violações de direitos humanos. Desses depoimentos, 59 foram reservados e 148 nas audiências públicas. Foram colhidos 37 depoimentos de pessoas diretamente ligadas ou envolvidas com o aparato de repressão.
Biografia
” Quando perdermos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos consideramos seres humanos civilizados ” – #VladimirHerzog
Vlado começou sua carreira de jornalista em 1959 como repórter de O Estado de S. Paulo, logo depois de se formar em Filosofia na Universidade de São Paulo. Ali ficou até 1965, tendo sido um dos repórteres destacados para a equipe pioneira que foi instalar a sucursal do Estado em Brasília, nos primeiros meses de vida da nova Capital. Exerceu também as funções de redator e, interinamente, de chefe de reportagem do jornal. Na televisão, ele entrou em 1963, acumulando com o trabalho de jornal, como redator e secretário do “Show de Notícias”, o telejornal diário do antigo Canal 9 de São Paulo,TV-Excelsior. Essa experiência, que o colocou em contato, pela primeira vez com o telejornalismo, foi a base para o passo seguinte de sua carreira.
Em 1965, Vlado foi para Londres, contratado pelo Serviço Brasileiro da BBC, como produtor e locutor, prestando colaboração também ao Departamento de Cinema e TV do Central Office of Information, órgão do Foreign Office, na produção e apresentação de programas sobre a Inglaterra, para a televisão brasileira.
Foi ainda durante sua estada em Londres – onde nasceram seus dois filhos, Ivo, de 9 anos, e André, de 7 – que Vlado aprimorou seus conhecimentos de televisão e cinema, cursando, como bolsista indicado pela Secretaria da Educação de São Paulo, o Film and Television Course for Overseas Students, no Centro de Televisão da BBC. O curso (e o estágio de três meses em vários departamentos da BBC-TV) foram (…) logo antes de sua volta ao Brasil, em 1968, mas não para a televisão diretamente.
Vlado foi trabalhar na revista Visão, onde ficou durante 5 anos, como editor cultural. “Desse período de convivência diária – disse o colega que escreveu sua biografia no último número da revista – o mínimo que se poderia dizer do amigo Vlado é de sua integridade e honestidade profissional, traduzindo o rigor com que encarava o trabalho de jornalista: informar e discutir a sua época. Nisso ele era intransigente”.
Essa intransigência não era só com os colegas ou eventuais colaboradores de sua editoria. O rigor e o zelo profissional que exigia dos outros, Vlado tinha também no seu próprio trabalho: em 1971, quando o ministro da Educação, Jarbas Passarinho, ironizava dizendo que “antes, qualquer prefeito se satisfazia com um chafariz novo na praça; agora, todos querem uma TV-educativa”, Vlado fez uma matéria de capa para a revista Visão – o estudo jornalístico mais completo que se fez até hoje sobre o problema no Brasil.
Levou quatro meses esmiuçando livros, acompanhando experiências em vários Estados, assistindo TV toda noite, fazendo entrevistas e, finalmente, escrevendo a matéria. A mesma seriedade profissional ele levou pára a TV-Cultura em 1972, quando for chamado para secretariar o recém-lançado telejornal “Hora da Notícia” e, ainda, para a Fundação Armando Álvares Penteado, onde deu aulas de telejornalismo na mesma época, e para a Escola de Comunicações e Artes da USP, onde era professor desde o último semestre.
Na TV-Cultura, para onde tinha retornado em setembro, agora como diretor do Departamento de Telejornalismo, Vlado anteviu, finalmente, a possibilidade de comandar um trabalho dentro do conceito que tinha (ver matéria ao lado) da grande responsabilidade social do jornalismo na TV. Não lhe deram tempo.
* O Instituto Vladimir Herzog foi constituído em 25 de junho de 2009 com a missão de contribuir para a reflexão e produção de informação que garanta o direito à vida e o direito à justiça. É uma organização sem fins lucrativos e com neutralidade político-partidária que busca atingir seus objetivos baseando suas ações em três pilares: preservar, construir e preservar.
No ano de 2005, Vladimir Herzog ganhou uma homenagem de seu amigo João Batista de Andrade. “Vlado – 30 anos depois” é um documentário onde sua vida, carreira e morte são retratadas, além de depoimentos de pessoas próximas a ele, como amigos e sua esposa Clarice Herzog..
A morte
Entre os anos de 1964 a 1985, o Brasil viveu uma época obscura. Tortura, censura e perseguição política estavam nas ruas, dentro de casas, em todo lugar. O regime militar estava lá, pronto para calar a boca de quem nadasse contra a maré. O jornalista Vladimir Herzog, também conhecido como Vlado foi apenas um dos cerca de 357 mortos pela ditadura. Porém, esse número pode ser aumentado.
No dia 24 de outubro de 1975, depois de se apresentar no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), o então diretor de jornalismo da TV Cultura achou que seria apenas um depoimento. Mas ele mal sabia que seria torturado até a morte e que seu atestado de óbito ainda constaria como um suicídio.
Os militares queriam arrancar uma confissão de Herzog para que ele admitisse que fazia parte do Partido Comunista do Brasil (PCB) . Segundo os jornalistas Rodolfo Konder e Duque Estrada, que também estavam no DOI-CODI, do lado de fora da sala, eles conseguiam escutar os gritos e a agonia de Vlado. Depois de algum tempo, tudo se calou.
A foto mais conhecida é de seu corpo, em pé, com um pano amarrado no pescoço. Morto.
No dia 26 de outubro, o II Exército divulgou uma nota oficial:
“Cerca das 16 horas, ao ser procurado na sala onde fora deixado desacompanhado, (Herzog) foi encontrado morto, enforcado tendo para tanto utilizado uma tira de pano. (…) As atitudes do senhor Vladimir Herzog, desde a sua chegada ao órgão do II Exército, não faziam supor o gesto extremo por ele tomado”.
Porém, ainda nessa época, pessoas próximas ao jornalista sabiam, no fundo, que essa história estava muito mal contada.
Atestado de óbito
Depois de protestos e indignação pela forma como foi dada a morte de Vladimir Herzog, a família do jornalista recebeu um novo atestado de óbito em março de 2013, sob ordem da Comissão Nacional da Verdade. Antes considerado suicídio, a causa foi mudada para ” lesões e maus tratos”.
Fonte: https://amidiaeocrime.wordpress.com/
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