RECORDAR O
PASSADO
A IMPORTANCIA DE UMA IMPRENSA LIVRE NO COMBATE ÀS DITADURAS.
O contexto historico do qual desejo falar e sobre a Ditadura Militae brasileira, ocorrida nos anos de 1964 a 1985, periodo este no qual o Brasil mergulhou num mundo incerto e violento. Direitos foram suprimidos e a liberdade de expressão cerceada.
O simples direito de expressar suas ideias contrarias á um governo autoritário, já era motivo de prisao e a pessoa era acusado de subversão. Ainda neste contexto quero dar destaque para um personagem, que foi preso e teve uma morte suspeita, estou falando de Vladimir Herzog, um jornalista contrário ao governo golpista militar,
O Golpe de 64 derrubou o presidente legítimo e escolhido democraticamente pelo povo, João Goulart-Jango, que se exilou no Uruguai durante o periodo antidemocrático e ditador, que o Brasil viveu por mais de duas décadas.
✔ Conheca
Vladimir Herzog:
Vlado Herzog nasceu na cidade de Osijek, na então Iugoslávia, no dia 27 de junho de 1937, filho de um casal de origem judaica. Durante a Segunda Guerra Mundial, para escapar do antissemitismo praticado pelo estado fantoche da Croácia, então controlado pela Alemanha Nazista, a família fugiu primeiramente para a Itália, onde viveu clandestinamente até imigrar para o Brasil.
Naturalizado brasileiro, Vladimir também tinha paixão pela #fotografia, atividade que exercia por conta de seus projetos com o #cinema. Passou a assinar "Vladimir" por considerar que seu nome soasse exótico para os brasileiros. Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de #telejornalismo da #TVCultura e também foi #professor de #jornalismo na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).
O nome de Vladimir tornou-se central no movimento pela #restauração da #democracia no país após 1964. Militante do Partido Comunista Brasileiro
(PC do B), foi #torturado e #assassinado pelo #regime #militar brasileiro nas instalações do DOI-CODI, no quartel-general do II Exército, no município de São Paulo, após ter se #apresentado #voluntariamente ao órgão para "prestar esclarecimentos" sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro
(PC do B).
#Biografia
🔹Primeiros anos
Herzog nasceu na cidade de Osijek, em 1937, na então Iugoslávia (atual Croácia), filho do casal de origem judaica Zigmund Herzog e Zora Wolner. Durante a Segunda Guerra Mundial, para escapar do antissemitismo praticado pelo estado fantoche da Croácia, então controlado pela Alemanha Nazista, que ocupava a Iugoslávia desde 1941, o casal fugiu primeiramente para a Itália, decidindo depois emigrar com o filho para o Brasil, terminado o conflito.
🔹 Educação e carreira
Herzog se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo, em 1959. Depois de formado, trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, como O Estado de S. Paulo.
Nessa época, passou a assinar "Vladimir", em vez de "Vlado", por acreditar que seu nome verdadeiro soaria um tanto exótico no Brasil. Vladimir também trabalhou por três anos na BBC de Londres.
Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP. Na mesma época, envolvido com intelectuais do teatro, também atuou como dramaturgo. Em sua maturidade, Vladimir, que foi vinculado do Partido Comunista Brasileiro, passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a #ditadura #militar.
✔ #Prisão #Morte
🔹Contexto
Em 1974, o general Ernesto Geisel tomou posse da Presidência da República com um discurso de abertura política (na época chamado de "distensão"), o que na prática significaria a diminuição da censura, investigar as denúncias de torturas e dar maior participação aos civis no governo. Todavia, o governo enfrentava dois infortúnios: a derrota nas eleições parlamentares e a crise do petróleo. Além disso, o general Ednardo D'Ávila Mello, comandante do II Exército, fazia afirmações de que os comunistas estariam infiltrados no governo de São Paulo, na época chefiado por Paulo Egydio Martins, o que criou uma certa tensão entre estes. Nesse cenário, a linha dura sentiu-se ameaçada, e em 1975 a repressão continuava forte. O Centro de Informações do Exército (CIE) se voltou essencialmente contra o Partido Comunista Brasileiro, do qual Herzog era militante, mas não desenvolvia atividades clandestinas. Através do jornalista Paulo Markun, Herzog chegou a ser informado que seria preso, mas não fugiu.
🔹A prisão
Em 24 de outubro de 1975 — época em que Herzog já era diretor de jornalismo da TV Cultura, após campanha contra a sua gestão, levada a cabo na Assembleia Legislativa de São Paulo pelos deputados Wadih Helu e José Maria Marin, pertencentes ao partido de sustentação do regime militar, a ARENA, agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro, partido que atuava na ilegalidade durante o regime militar.
No dia seguinte, Herzog compareceu espontaneamente ao DOI-CODI. Ele ficou preso com mais dois jornalistas, George Benigno Jatahy Duque Estrada e Rodolfo Oswaldo Konder.
Pela manhã, Vlado negou qualquer ligação ao PCB. A partir daí, os outros dois jornalistas foram levados para um corredor, de onde puderam escutar uma ordem para que se trouxesse a máquina de choques elétricos. Para abafar o som da tortura, um rádio com som alto foi ligado. Posteriormente, Konder foi obrigado a assinar um documento no qual ele afirmava ter aliciado Vlado "para entrar no PCB e listava outras pessoas que integrariam o partido." Logo, Konder foi levado à tortura, e Vlado não mais foi visto com vida.
🔹 A morte
O Serviço Nacional de Informações recebeu uma mensagem em Brasília de que naquele dia 25 de outubro: "cerca de 15h, o jornalista Vladimir Herzog suicidou-se no DOI/CODI/II Exército". Na época, era comum que o governo militar divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", fuga ou atropelamento, o que gerou comentários irônicos de que Herzog e outras vítimas haviam sido "suicidados" pela ditadura.
O jornalista Elio Gaspari comenta que "suicídios desse tipo são possíveis, porém raros. No porão da ditadura, tornaram-se comuns, maioria até."
Conforme o Laudo de Encontro de Cadáver expedido pela Polícia Técnica de São Paulo, Herzog se enforcara com uma tira de pano - a "cinta do macacão que o preso usava" - amarrada a uma grade a 1,63 metro de altura. Ocorre que o macacão dos prisioneiros do DOI-CODI não tinha cinto, o qual era retirado, juntamente com os cordões dos sapatos, segundo a praxe naquele órgão.
No laudo, foram anexadas fotos que mostravam os pés do prisioneiro tocando o chão, com os joelhos fletidos - posição em que o enforcamento era impossível. Foi também constatada a existência de duas marcas no pescoço, típicas de estrangulamento.
Vladimir era judeu, e a tradição judaica manda que suicidas sejam sepultados em local separado. Mas quando os membros da Chevra kadisha – responsáveis pela preparação dos corpos dos mortos segundo os preceitos do judaísmo – preparavam o corpo para o funeral, o rabino Henry Sobel, líder da comunidade, viu as marcas da tortura.
"Vi o corpo de Herzog. Não havia dúvidas de que ele tinha sido torturado e assassinado", declarou.
Assim, foi decidido que Vlado seria enterrado no centro do Cemitério Israelita do Butantã, o que significava desmentir publicamente a versão oficial de suicídio. As notícias sobre a morte de Vlado se espalharam, atropelando a censura à imprensa então vigente.
Sobel diria mais tarde: "O assassinato de Herzog foi o catalisador da volta da democracia".
Anos depois, em outubro de 1978, o juiz federal Márcio Moraes, em sentença histórica, responsabilizou o #governofederal pela morte de Herzog, ocorrida em 25 de Outubro de 1975, e pediu a apuração da sua autoria e das condições em que ocorrera. Entretanto nada foi feito.
Em 24 de setembro de 2012, o registro de óbito de Vladimir Herzog foi retificado, passando a constar que a "morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)", conforme havia sido solicitado pela Comissão Nacional da Verdade.
Em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil por negligência na investigação do assassinato do jornalista.
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