Categoria: Ciencia&Tecnologia
Descartes e o Big Bang do pensamento moderno.
"Cogito ergo sum. Duvido, logo sou;"
Provavelmente seria a melhor tradução. Mas a história do pensamento registrou-o como
"Penso, logo existo."
Em seu exercício mental, Descartes formulou a possibilidade de um demônio estar nos enganando com as sensações, lembranças, corpos, cálculos e percepções. Tudo pode ser irreal ao nosso redor. Nada é certo. O estado de dúvida nos acompanha. Irreais ou enganadoras , as bases nas quais pisamos podem ser apenas frutos de um delírio. Até onde sabemos, podemos estar no interior da Matrix.
A única certeza é a de que consigo ter esses pensamentos. Mesmo que falsos, tê-los traz a segurança de que existo. Essa é a única certeza válida. Sobre as outras percepções, tudo pode ser colocado em dúvida. A única certeza é a subjetividade. Para Descartes até a existência do Outro é passível de insegurança. O Outro pode ser meramente um boneco de mola falando em minha frente, fingindo uma subjetividade que – sendo alheia – jamais poderei confirmar. A realidade do outro não me afeta. São Replicantes de Blade Runner simulando humanidade.
O mundo e suas interpretações só existem a partir do Eu e naquilo que pode ser cogniscivel pela razão do próprio sujeito. A certeza não está mais em Deus, não tem base no seu lugar na sociedade. A verdade não pode ser revelada por nenhuma instituição. A única certeza é a de que eu #penso e tudo mais pode ser colocado em dúvida. Certo mesmo só a #existência do #pensamento – da #razão.
Descartes fundava com seu Discurso a filosofia moderna e inaugurava o campo de pesquisa da subjetividade. A reboque, o cogito cartesiano estabeleceu o fetichismo moderno da racionalidade estrita e embasou o novo discurso racionalista, em sua luta desde Platão contra a influência das paixões.
Todas essas idéias seriam colocadas em xeque séculos depois com Spinoza, Nietzsche, Freud, Durkheim e Sartre.
Mas aí já estamos entrando em outros conceitos….
(Manuel Sanchez)
Via: @opiniãocentral
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