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O Protagonismo do Profissional d'EFOENTE no Jornalismo





Categoria: Mercado de Trabalho para o PNE

FOCA NA PAUTA

O assunto de hoje é  o protogonismo de um profissional do jornalismo, no meio das comunicações e a inclusão.

(Fernando Honorato, Flavio Cintra e Renata D'Avila)

Jornalistas com Deficiência  analisam o cenário da comunicação e inclusão
05/04/2019 

 De uns tempos para cá a mídia tradicional vem se voltando para a causa das pessoas com deficiência. Ainda falta um longo caminho para a mídia conseguir representar a pessoa com deficiência, seja no respeito à nomenclatura, seja na construção da reportagem sem heroísmo, coitadismo ou superação.

Se a mídia tradicional não se volta para as pessoas com deficiência, foi preciso que jornalistas com deficiência, tomassem essa pauta e tornassem essa discussão uma pauta do jornalismo brasileiro.

Ao pensar em jornalistas com deficiência, logo nos lembramos da Fernanda Honorato, a primeira repórter brasileira com Síndrome de Down, também de lembramos de nomes como Flávia Cintra, repórter do Fantástico, Renato D´avila, entre outros.

Para entender mais sobre o cenário da pessoa com deficiência no jornalismo, conversamos com três jornalistas parceiros da Deficiência em Foco, que falaram um pouco sobre a representação da pessoa com deficiência na mídia e os desafios de incluir na comunicação.

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Luiz Alexandre de Souza Ventura é jornalista e tem a Síndrome de Charcot-Marie-Tooth, que provoca atrofia muscular progressiva, afeta principalmente braços e pernas. Ele é o fundador do Blog Vencer Limites do Jornal Estadão de São Paulo.

Foto: Divulgação

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Rafael Ferraz Carpi, jornalista tetraplégico devido a um acidente, é criador e da página Jornalista Inclusivo, na qual produz conteúdo sobre pessoas com deficiência nas mais diversas áreas.

Foto: Divulgação

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Jairo Marques, jornalista há 20 anos, tive paralisia infantil o que lhe tirou o movimento das pernas e parcialmente do braço esquerdo. Jairo assina a coluna Assim como você no jornal Folha de S. Paulo.

Foto: Divulgação

1 - Como você analisa a representação da pessoa com deficiência na mídia?

Rafael - Na minha opinião, a pessoa com deficiência não é, nem está sendo representada na mídia, assim como a homossexualidade, pessoas obesas, e todas que estão fora do padrão de beleza, ou do que é visto como normal. Os negros, maioria no Brasil, são minoria na mídia. Idosos só se vê em papéis jocosos das novelas, propagandas ou na política. Negros vê-se um ou outro. Gays e transexuais não se vê. E PCD é minoria. Só aparecem em matérias jornalísticas, vez ou outra.

Luiz - Muito ruim sempre estigmatizada, sempre estereotipada seja no jornalismo, seja na publicidade, seja nas obras de ficção, nos seriados, novelas, filmes. Há uma tendência sempre a colocar a pessoa com deficiência como um super-herói, um exemplo de superação ou o cara que não tem nada, ai não se aprofunda o debate sobre isso. Não há nem mesmo entre aquelas pessoas que fazem parte do universo do entretenimento, uma abordagem mais concreta sobre isso, pais e mães de pessoas com deficiência sempre usam esse discurso da emoção e superação, mas não há uma coisa completa, não há um debate sobre a inclusão na escola, no trabalho, sobre legislação, sobre direitos adquiridos que não são respeitados, inclusão de forma geral. Então a mídia de forma geral é assim: É super-herói ou coitadinho.

Jairo - Há dez anos, isso jamais seria um tema de debate. Hoje, já falamos de um colunista com deficiência para outro colunista com deficiência. É um salto bastante importante. Houve também uma profusão de blogs, de páginas em redes sociais e de youtubers que se dedicam ao tema. Claro que ainda falta profissionalização de como tratar o assunto, de avançar nas pautas, mas não sou desses pessimistas que acham que tudo falta, que tudo está errado etc.

2 - O que falta para a mídia tradicional conseguir abranger a pessoa com deficiência de forma correta?

Luiz - Conhecimento e antes do conhecimento está o interesse no assunto. Não há interesse em aprofundar o conhecimento do universo da pessoa com deficiência, normalmente só quem está inserido nesse universo faz isso, mas isso é um problema, porque todas as pessoas que transitam por esse universo, que estão dentro desse universo, estão abaixo de uma redoma de invisibilidade. Essa redoma de invisibilidade continua crescendo e mantém o universo das pessoas com deficiência isolado, mantém as pessoas com deficiência excluídas. Por mais que aumente o número de matérias, de propagandas, de seriados, de novelas, por mais que tudo isso aumente isso tá sempre abaixo dessa redoma de invisibilidade. O que temos que fazer é quebrar essa redoma, invadir outros universos, levar esse assunto para outras discussões, levar isso para os donos das empresas de publicidade, marketing e jornalismo, para as emissoras de TV e de rádio, só assim a gente consegue quebrar essa redoma de invisibilidade e ampliar o interesse sobre esse assunto.

Jairo - Falta o que falta a toda sociedade: convivência, representatividade em mais setores. A imprensa faz muita coisa ruim, muita baboseira em relação à pessoa com deficiência, mas não acho que essa seja a regra. Há trabalhos muito bem realizados também, atentos.

Rafael - A mídia tradicional, assim como qualquer outro setor social, só vai abranger essas pessoas quando as barreiras e o preconceito acabarem. Mercado de trabalho, investimento nos esportes, leis respeitadas, Sistema Público de Saúde, Lazer, Mídia, Educação Inclusiva de base, Políticas públicas.

3 - Qual o papel das pessoas com deficiência nesse processo de melhor representação na mídia?

Rafael - As pessoas com deficiência já lutam muito. Mas só com o empoderamento de cada um, o fim do coitadismo, e tendo seus direitos atendidos, sendo respeitas pela sociedade, representadas dignamente na política, desde a educação de base, talvez então sintam-se dispostas a se colocar nessa luta junto dos gays, negros, obesos... e finalmente serem representados como qualquer outra pessoa, cadeirante ou não, amputado ou não, PC ou não, Autista ou não, com deficiência aparente ou não.

Jairo - O de fiscalizar, o de cobrar, o de se informar de maneira adequada e não somente dentro de seu gueto. Várias pessoas já me cobraram por abordagens que a Folha (jornal onde atuo há 20 anos) já deu conta, já repercutiu.

Luiz - A pessoa tem que saber mostrar quem ela é, e não aceitar o estigma, há um problema muito sério de pessoas com deficiência que se utilizam do estigma da superação para ganhar dinheiro para fazer palestra, pra se mostrar e virar influencer, ganhar um jabá e ficar feliz. A pessoa com deficiência tem que se mostrar como ela é, tem que se valorizar pelo ser humano e não pela deficiência, esse é um ponto fundamental a pessoa com deficiência precisa acreditar que ela é alguém, que ela é um cidadão, porque tem muita gente que não acredita nisso. Eu entendo que a gente tem que quebrar esse estigma e levar para fora a informação sobre nós mesmos.

As barreiras são muitas sejam arquitetônicas, sociais, elas sempre estão presentes na vida das pessoas com deficiência. O desafio maior é rompê-las, e a melhor forma de fazer isso é indo em busca de espaço, seja no jornalismo, na publicidade, na medicina. A pessoa com deficiência precisa ser vista, o profissional com deficiência precisa ser visto. Precisamos ocupar espaços.

Fonte: @leainoticias
 Coluna
Deficiência em Foco

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