Categoria: FATOS HISTÓRICOS
"Chacina da Candelária
23 de julho de 1993"
O alvo: meninos, moradores de rua, que tinham entre 11 e 19 anos. As vítimas foram pegas de surpresa enquanto dormiam e morreram sem nenhuma chance de defesa.
(Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro: palco de uma tragédia que chocou o mundo
Foto: DW / Deutsche Welle)
Nesta quinta-feira 23 de julho de 2020 completam-se 27 anos da Chacina ocorrida proximo a Igreja da Candelaria, no Rio de Janeiro, ficou nacionalmente conhecida como a "Chacina da Candelária".
O QUE FOI A CHACINA DA CANDELÁRIA ?
A chacina da Candelária, como ficou conhecido este episódio, foi uma chacina que ocorreu na noite de 23 de julho de 1993, próximo à Igreja da Candelária, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Neste crime, #oito jovens foram assassinados.
"Naquela noite, Yvonne Bezerra de Mello teve uma premonição.
"Eu dei a três garotos uma ficha telefônica para eles me ligarem, se acontecesse alguma coisa."
E aí ela se despediu do grupo de #70meninosderua que dormiam na frente da Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Na época, ela cuidava das crianças abandonadas à própria sorte pelo Estado: o mais novo tinha seis anos de idade, o mais velho, vinte e poucos.
"De noite vieram os telefonemas", conta. "Os garotos gritavam: 'Eles estão matando a gente!'" "
(Via: Portal Terra)
Na reportagem de 25 anos da "Chacina da Candelária" feita pelo portal Terra, a voluntária que cuidava das criancas de rua, 25 anos depois, Yvonne, 61 anos, é uma #educadora de #renome #internacional.
O fato causou indignação internacional, também pela forma de mostrar um Brasil bem diferente daquele dos cartões-postais. Assim expôs uma outra versão do pais contraria à alegria do samba e o sorriso das disputas e vitorias no futebol, e das riquezas naturais, pois revelou um Brasil #impiedoso, #brutal e #socialmente #dividido.
"Um país que até hoje existe." comenta Bezerra.
Ela contou a história do massacre, em seu apartamento no bairro do Flamengo, na zona sul carioca.
"Quando eu cheguei à Candelária, meia hora mais tarde, os corpos estavam caídos na frente da igreja." Os sobreviventes estavam apavorados.
Ao todo, oito jovens entre 11 e 19 anos foram fuzilados naquela noite. Como logo se revelou, os assassinos eram policiais do 5º Batalhão da Polícia Militar do Rio, no qual havia uma espécie de "esquadrãodamorte" que também traficava drogas.
Há diferentes versões sobre o que os levou a massacrar os meninos de rua. Consta que os policiais estariam irritados por eles terem jogado uma pedra contra uma viatura no dia anterior. Além disso, contudo, a educadora está convencida de que se tratou de um acerto de contas:
"Os policiais traficavam cocaína, e alguns dos garotos mais velhos os ajudavam." Como havia uma conta aberta, eles resolveram se vingar.
🔹Culpados estão soltos
Entre os sete réus do subsequente processo, três policiais foram sentenciados.
Um dos acusados foi morto durante o inquérito, ao que tudo indica como "queima de arquivo". No entanto, todos os três condenados estão hoje em liberdade: dois foram soltos antes de cumprir integralmente a pena, enquanto o principal culpado, Marcus Vinícius Emmanuel Borges, está foragido. Dos 300 anos de prisão a que foi condenado, ele cumpriu 18.
O motivo da chacina é visto como resolvido para a Justiça brasileira.
🔹Único sobrevivente vive na Suíça
Mas existe um sobrevivente daquela noite: Wagner dos Santos, envolvido por acidente no massacre. Depois de terem fuzilado seis adolescentes na Candelária, os policiais procuraram por mais vítimas nas cercanias. Por acaso, Wagner se encontrava próximo a dois meninos de rua, e os policiais tentaram matá-lo também.
Quatro balas o atingiram, uma delas no rosto, mas ele sobreviveu, tornando-se a principal testemunha do processo.
No hospital, o jovem descreveu os homens que o sequestraram, levando a polícia a identificar os primeiros suspeitos. Em setembro de 1994, Wagner foi vítima de um segundo atentado, desta vez na Estação Central do Brasil, onde foi atingido por quatro tiros. As autoridades colocaram-no no #ProgramadeProteçãoaVítimaseTestemunhasAmeaçadas. Por isso foi vítima de novo atentado: mais uma vez, quatro balas, novamente ele sobreviveu.
Hoje com 45 anos de idade, Wagner vive na Suíça, sob a proteção do governo por razões de segurança.
"Ele é cego e surdo de um lado do rosto e sofre de traumas severos", relata sua irmã Patrícia Oliveira, sentada num sofá no escritório da Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência, organização que ela criou no centro carioca.
Ela diz que seu irmão não acredita em justiça no Brasil. Nada mudou nas circunstâncias que levaram à chacina, a polícia continua matando jovens negros sem sofrer consequências. Wagner dos Santos recebe uma pensão do governo brasileiro equivalente a 420 euros. "Ele quer finalmente deixar para trás a chacina", afirma Patrícia. "Mas como é que ele vai esquecer essa violência?"
🔹 Nome dos mortos na Chacina da Candelária
📍 Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos
📍 Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos
📍 Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos
📍 Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos
📍 Gambazinho, 17 anos
📍 Leandro Santos da Conceição, 17 anos
📍 Paulo José da Silva, 18 anos
📍 Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos
🔸 Leia mais sobre oassunto:
"Ato com oito meninos marca os 27 anos da Chacina da Candelária
Movimento 'Candelária Nunca Mais!' pintou na calçada o contorno dos meninos negros mortos em 23 de julho de 1993. Ato foi restrito devido à Covid."
Leia em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/07/22/ato-com-oito-meninos-marca-os-27-anos-da-chacina-da-candelaria.ghtml
"Chacina da Candelária é lembrada com o tema 'Vidas negras nas ruas importam' - Eu, Rio!"
Leia em: https://eurio.com.br/noticia/15367/chacina-da-candelaria-e-lembrada-com-o-tema-vidas-negras-nas-ruas-importam.html
"Maioria de sobreviventes morreu, diz ativista, 25 anos após chacina." Leia em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-07/nao-consegui-salvar-aquelas-criancas-diz-ativista-25-apos-chacina
Fonte: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/candelaria-25-anos-de-uma-chacina-num-pais-que-nao-mudou,7c1185a0481d59489b4af0cde5a379d2dfe2m7fa.html
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-chacina-da-candelaria-uma-noite-de-brutalidade-no-rio-de-janeiro.phtml
Comentários
Postar um comentário